quinta-feira, 13 de novembro de 2014


CASTRO VERDE    


CARTA ABERTA AO PS DO VEREADOR ANTÓNIO JOSÉ BRITO

A evocação da fábula da Cigarra e da Formiga, feita pelo PS de Castro Verde a propósito das Opções do Plano e Orçamento para 2015, é a melhor mostra do que é um partido que, a todo o custo, tem como objetivo único o de chegar ao poder, jogando com demagogia nos jogos de palavras, com populismo nas atitudes, tocando as franjas do caciquismo na prática implícita à sua forma de “governar".
Estando o senhor PS, António José Brito, a referir-se, aparentemente, à versão génese da fábula de Esopo (esquece outras mais modernas em que a formiga, que não fez outra coisa que não carregar víveres, agradece à senhora cigarra a importância que ela teve no êxito do seu trabalho), e vestindo nós mais a casaca da formiga do que a da cigarra, senhor Vereador, é importante que saiba que a gestão de uma autarquia não tem a simplicidade de uma fábula e que em quase quatro dezenas de anos a gerir o concelho de Castro Verde, não tínhamos chegado ao nível de qualidade de vida que temos, assobiando para o lado.
Mas, assim como a fábula tem muitas nuances e várias leituras, também o discurso repetitivo do seu PS também o tem. E, acima de tudo, porque é um discurso que caindo no fácil, na repetição de ideias, algumas erróneas, de palavras feitas e meias-verdades, não deixa de ser o discurso ideal para que seja lido com facilidade, no intervalo de um café e sem grandes reflexões. Reconhecemos-lhe essa capacidade de jogar com as palavras a contento de alguns, senhor Comunicação, até porque tem tempo para isso pois a actividade de jornalista está interrompida, tem uma máquina financeira importante que alimenta o seu jornal e tem o despudor da afirmação gratuita à flor da pele.
Contudo, e sem cair numa resposta à letra, que o Senhor Vereador não nos merece, queremos clarificar melhor algumas ideias suas que vão transpirando a jorros em jornais, documentos e comunicados vários, para que os Munícipes de Castro Verde o vão percebendo melhor.
Ao longo dos anos o Município de Castro Verde tem gasto o dinheiro em função das opções que são sufragadas de quatro em quatro anos, numa lógica séria de quem tem assumido os executivos, procurando que, para além de obras de betão armado, que parecem ser os únicos índices de medição do senhor Vereador António José Brito, os cidadãos de Castro Verde tenham acesso a outras valências sociais e culturais, fundamentalmente, para que os seus filhos tenham melhores recursos e competências quer ao nível da educação, da formação pessoal, da alegria ou da felicidade de viver.
É por isso que o Executivo do Município de Castro Verde assume todas as despesas correntes que tem efectuado para que o concelho de Castro Verde seja o que é hoje. E porque, senhor Vereador, quando fala com tanto apreensão nas elevadas despesas correntes, esquece-se, entre outras coisas, que metade delas são gastas com salários. Despesas com salários que são menores porque infelizmente não nos autorizam a contratar mais pessoal para melhorar o serviço público que o Município presta.
Senhor Vereador: diminuir despesas correntes implica diminuir o número de trabalhadores da autarquia, significa aumentar o desemprego.
É isso que o senhor Vereador quer? Nós não!
Diminuir as despesas correntes implica diminuir iniciativas e projectos e, por sua vez, significa injectar menos dinheiro na nossa terra em contratação de serviços, nas empresas locais, nos alojamentos, nos restaurantes, trazer menos pessoas para a rua, levar menos longe o nome de Castro Verde.
Mas, no que respeita às despesas correntes, o senhor Vereador António José Brito esquece-se, também, que 1/5 dessas despesas representam transferências correntes e a sua diminuição significa menos dinheiro para os Bombeiros, significa menos dinheiro para o Castrense e outras associações desportivas, menos dinheiro para a Cortiçol, menos dinheiro para a Universidade Sénior, menos dinheiro para a Cruz Vermelha, menos dinheiro para a Paróquia, menos dinheiro para financiar muitas associações e inclusive garantir determinadas iniciativas que algumas delas não fariam, caso o Município de Castro Verde as não apoiasse.
É isso que o senhor Vereador quer? Nós não!
Queremos manter o apoio ao movimento associativo, dentro das nossas possibilidades, porque ele é importante para o desenvolvimento social e desportivo do concelho.
Como é público e divulgado nos documentos da autarquia, o Município de Castro Verde recebeu entre 2003 e o dia 31 de Outubro de 2014, 24.836.375,54 euros de derrama. E ainda bem. E, no nosso entender, deveria ter recebido ainda mais, por diversas razões, mas sobretudo pelos recursos finitos e jamais recuperáveis que daqui estão a ser retirados. Quanto ao dinheiro, senhor Vereador, pode ter a certeza que foi muito bem investido em obras como o Lar de Santa Bárbara de Padrões, na construção do Lar de Entradas, na construção e manutenção do Estádio Municipal 25 de Abril, na construção do Centro Escolar Nº 2 e na manutenção das escolas que são nossa responsabilidade (o que o governo central não faz, relativamente às suas escolas!), na construção do Conservatório Regional do Baixo Alentejo, na construção e manutenção das piscinas municipais, na construção e manutenção de parques e jardins, na construção de sedes onde funcionam algumas associações culturais e desportivas deste concelho.
Mas também nas despesas com o abastecimento de água a toda a população, com a iluminação pública, com as despesas inerentes ao crescimento urbano provocado pelo crescimento exponencial da vila, com os transportes das crianças para as escolas, com o transporte dos grupos corais nas suas múltiplas iniciativas, com a contratação de técnicos que desenvolvem actividades com os jovens e os idosos; com a manutenção de um sem número de regalias que a população de Castro Verde tem e que NÃO TÊM MUITOS OUTROS MUNICÌPES DE OUTROS CONCELHOS DO NOSSO PAÍS.
Quer acabar com esta realidade para baixar despesa corrente, Senhor Vereador? Nós não o iremos fazer enquanto pudermos!
Faça-o, se for Presidente da Câmara, mas não se esqueça de o propor no seu programa eleitoral!
E, senhor Vereador António José Brito, quando nos acusa de que não fazemos nada, e que este ano foi um ano perdido para Castro Verde, provavelmente é porque não anda por aí com olhos de ver e não tem a mais pequena ideia do colete de forças em que este Governo nos colocou ao ter na gaveta, deste o princípio do ano, a possibilidade de abertura do acesso aos fundos comunitários, fonte principal de financiamento dos projectos de envergadura que queiramos desenvolver. Aparentemente anda pouco atento ou, muito provavelmente, é porque só lê o seu jornal, que tem como único objetivo combater e denegrir a imagem da CDU e dos seus eleitos.
Responda com sinceridade, senhor Vereador, apenas a duas questões sobre duas das maiores despesas do ano de 2014:
quanto é que gastou o Município de Castro Verde no Lar de Entradas, em 2014, e assuma de uma vez por todas que se não fosse o financiamento integral da contrapartida nacional nas obras desse importante equipamento e da sua fiscalização, antecedido da oferta dos terrenos e do financiamento integral do projecto de arquitectura, entre outras coisas, se seria possível que houvesse na freguesia de Entradas um Lar a funcionar no próximo ano?
se não fosse a iniciativa do Município de Castro Verde e a contratualização da EDP com o Município, acha que estaria no terreno o projeto de electrificação rural que levará a luz eléctrica a quase todo o concelho?
Sabe senhor Vereador, para se fazer umas coisas não se podem fazer outras, ou imagina a gestão pública como o fez o famigerado Governo de José Sócrates?
Dizer que estamos a enganar as pessoas é de uma arrogância e de uma má fé intoleráveis.
Estamos à frente dos destinos do Município há muitos anos. Sofremos todo o tipo de afrontas dos governos centrais e, em particular, dos Governos do PS, do seu actual partido, senhor Vereador, que só no que concerne ao cumprimento da Lei das Finanças Locais, por exemplo, nos “roubou” o equivalente a uma boa fatia do valor da derrama, para não falar da ausência total de investimento PIDDAC neste concelho.
Ao longo destes anos, soubemos combater e resistimos de forma paciente às campanhas demagógicas e a muitas das acusações infundadas que constantemente recaíram sobre nós. Mas nunca, de forma alguma, uma acusação foi tão injusta e revoltante.
Não oferecemos empregos, casas, electrodomésticos, como outros o fazem e fizeram. Não subsidiamos associações e actividades do movimento associativo para conquistar votos, como o sabe muito bem o senhor Vereador (antes pelo contrário). Como tal, não aceitamos e refutamos com veemência essa acusação.
Gerimos da forma como entendemos ser a melhor os destinos deste concelho e, de quatro em quatro anos, somos julgados por isso.
Como tal, não aceitamos a acusação de que enganamos as pessoas, porque essa afirmação é fruto de quem não tem a mínima ideia do que é a gestão e a contabilidade de uma instituição que tem como principal função a de defender a qualidade de vida das suas populações, mas sobre a qual recaem políticas profundamente castradoras da autonomia do poder local, do direito ao trabalho e ao serviço público consagrados constitucionalmente.
Senhor Vereador, voltamos a repetir, refutamos a acusação gratuita de que enganamos as pessoas. Quando o senhor tiver tempo de ler a legislação publicada em 2014 por este Governo (que só existe porque é fruto da incompetência e da gestão ruinosa de José Sócrates e do PS) e o Orçamento de Estado para 2015, e perceber as implicações que têm no funcionamento e no método de fazer documentos previsionais, então entenderá melhor o documento que a CDU elaborou e propôs a votação e que, afinal, pasme-se, o PS não “chumbou”. E isto, senhor Vereador, é necessário salientá-lo.
 Os dois vereadores do PS, na oposição, que agora vêm com acusações, atrás de acusações, sobre o que foi a nossa gestão em 2014 e sobre o documento das Opções do Plano e Orçamento para 2015, abstiveram-se na sua votação. Não tiveram a coragem de assumir e fundamentar a sua oposição votando contra este documento. Seria essa a atitude que lhe daria alguma credibilidade. De outra forma, senhor Vereador, continuamos a assistir a um PS que tem um profissional da comunicação social a tempo inteiro a fazer do combate à CDU e ao Executivo do Município de Castro Verde, o seu único objectivo, sem mais.
A demagogia com o intuito de chegar ao poder a qualquer preço, está a ir longe de mais, mas não nos assusta. Nem a nós nem aos castrenses. Ao contrário de muitos, não estamos aqui pelo poder ou pelo prestígio pessoal, mas para defender o serviço público, o poder local democrático e as populações de Castro Verde. Porque queremos um concelho diferente, mais rico cultural, social e economicamente.
Essa é que é a verdade indiscutível, senhor Vereador. Não há outra.

Castro Verde, 31 de Outubro de 2014

Os eleitos da CDU na Câmara Municipal de Castro Verde