CASTRO VERDE
CARTA ABERTA AO PS DO VEREADOR ANTÓNIO JOSÉ
BRITO
A evocação da fábula da Cigarra e
da Formiga, feita pelo PS de Castro Verde a propósito das Opções do Plano e
Orçamento para 2015, é a melhor mostra do que é um partido que, a todo o custo,
tem como objetivo único o de chegar ao poder, jogando com demagogia nos jogos
de palavras, com populismo nas atitudes, tocando as franjas do caciquismo na
prática implícita à sua forma de “governar".
Estando o senhor PS, António José
Brito, a referir-se, aparentemente, à versão génese da fábula de Esopo (esquece
outras mais modernas em que a formiga, que não fez outra coisa que não carregar
víveres, agradece à senhora cigarra a importância que ela teve no êxito do seu
trabalho), e vestindo nós mais a casaca da formiga do que a da cigarra, senhor
Vereador, é importante que saiba que a gestão de uma autarquia não tem a
simplicidade de uma fábula e que em quase quatro dezenas de anos a gerir o
concelho de Castro Verde, não tínhamos chegado ao nível de qualidade de vida
que temos, assobiando para o lado.
Mas, assim como a fábula tem
muitas nuances e várias leituras, também o discurso repetitivo do seu PS também
o tem. E, acima de tudo, porque é um discurso que caindo no fácil, na repetição
de ideias, algumas erróneas, de palavras feitas e meias-verdades, não deixa de
ser o discurso ideal para que seja lido com facilidade, no intervalo de um café
e sem grandes reflexões. Reconhecemos-lhe essa capacidade de jogar com as
palavras a contento de alguns, senhor Comunicação, até porque tem tempo para
isso pois a actividade de jornalista está interrompida, tem uma máquina
financeira importante que alimenta o seu jornal e tem o despudor da afirmação
gratuita à flor da pele.
Contudo, e sem cair numa resposta
à letra, que o Senhor Vereador não nos merece, queremos clarificar melhor
algumas ideias suas que vão transpirando a jorros em jornais, documentos e
comunicados vários, para que os Munícipes de Castro Verde o vão percebendo
melhor.
Ao longo dos anos o Município de
Castro Verde tem gasto o dinheiro em função das opções que são sufragadas de
quatro em quatro anos, numa lógica séria de quem tem assumido os executivos,
procurando que, para além de obras de betão armado, que parecem ser os únicos
índices de medição do senhor Vereador António José Brito, os cidadãos de Castro
Verde tenham acesso a outras valências sociais e culturais, fundamentalmente,
para que os seus filhos tenham melhores recursos e competências quer ao nível
da educação, da formação pessoal, da alegria ou da felicidade de viver.
É por isso que o Executivo do
Município de Castro Verde assume todas as despesas correntes que tem efectuado
para que o concelho de Castro Verde seja o que é hoje. E porque, senhor
Vereador, quando fala com tanto apreensão nas elevadas despesas correntes,
esquece-se, entre outras coisas, que metade delas são gastas com salários.
Despesas com salários que são menores porque infelizmente não nos autorizam a
contratar mais pessoal para melhorar o serviço público que o Município presta.
Senhor Vereador: diminuir despesas
correntes implica diminuir o número de trabalhadores da autarquia, significa
aumentar o desemprego.
É isso que o senhor Vereador quer?
Nós não!
Diminuir as despesas correntes
implica diminuir iniciativas e projectos e, por sua vez, significa injectar
menos dinheiro na nossa terra em contratação de serviços, nas empresas locais,
nos alojamentos, nos restaurantes, trazer menos pessoas para a rua, levar menos
longe o nome de Castro Verde.
Mas, no que respeita às despesas
correntes, o senhor Vereador António José Brito esquece-se, também, que 1/5
dessas despesas representam transferências correntes e a sua diminuição
significa menos dinheiro para os Bombeiros, significa menos dinheiro para o
Castrense e outras associações desportivas, menos dinheiro para a Cortiçol,
menos dinheiro para a Universidade Sénior, menos dinheiro para a Cruz Vermelha,
menos dinheiro para a Paróquia, menos dinheiro para financiar muitas
associações e inclusive garantir determinadas iniciativas que algumas delas não
fariam, caso o Município de Castro Verde as não apoiasse.
É isso que o senhor Vereador quer?
Nós não!
Queremos manter o apoio ao
movimento associativo, dentro das nossas possibilidades, porque ele é
importante para o desenvolvimento social e desportivo do concelho.
Como é público e divulgado nos
documentos da autarquia, o Município de Castro Verde recebeu entre 2003 e o dia
31 de Outubro de 2014, 24.836.375,54 euros de derrama. E ainda bem. E, no nosso
entender, deveria ter recebido ainda mais, por diversas razões, mas sobretudo
pelos recursos finitos e jamais recuperáveis que daqui estão a ser retirados.
Quanto ao dinheiro, senhor Vereador, pode ter a certeza que foi muito bem
investido em obras como o Lar de Santa Bárbara de Padrões, na construção do Lar
de Entradas, na construção e manutenção do Estádio Municipal 25 de Abril, na
construção do Centro Escolar Nº 2 e na manutenção das escolas que são nossa
responsabilidade (o que o governo central não faz, relativamente às suas
escolas!), na construção do Conservatório Regional do Baixo Alentejo, na
construção e manutenção das piscinas municipais, na construção e manutenção de
parques e jardins, na construção de sedes onde funcionam algumas associações
culturais e desportivas deste concelho.
Mas também nas despesas com o
abastecimento de água a toda a população, com a iluminação pública, com as
despesas inerentes ao crescimento urbano provocado pelo crescimento exponencial
da vila, com os transportes das crianças para as escolas, com o transporte dos
grupos corais nas suas múltiplas iniciativas, com a contratação de técnicos que
desenvolvem actividades com os jovens e os idosos; com a manutenção de um sem
número de regalias que a população de Castro Verde tem e que NÃO TÊM MUITOS
OUTROS MUNICÌPES DE OUTROS CONCELHOS DO NOSSO PAÍS.
Quer
acabar com esta realidade para baixar despesa corrente, Senhor Vereador? Nós
não o iremos fazer enquanto pudermos!
Faça-o, se for Presidente da
Câmara, mas não se esqueça de o propor no seu programa eleitoral!
E, senhor Vereador António José
Brito, quando nos acusa de que não fazemos nada, e que este ano foi um ano
perdido para Castro Verde, provavelmente é porque não anda por aí com olhos de
ver e não tem a mais pequena ideia do colete de forças em que este Governo nos
colocou ao ter na gaveta, deste o princípio do ano, a possibilidade de abertura
do acesso aos fundos comunitários, fonte principal de financiamento dos
projectos de envergadura que queiramos desenvolver. Aparentemente anda pouco
atento ou, muito provavelmente, é porque só lê o seu jornal, que tem como único
objetivo combater e denegrir a imagem da CDU e dos seus eleitos.
Responda
com sinceridade, senhor Vereador, apenas a duas questões sobre duas das maiores
despesas do ano de 2014:
● quanto é que gastou o Município de Castro Verde no Lar de Entradas, em
2014, e assuma de uma vez por todas que se não fosse o financiamento integral
da contrapartida nacional nas obras desse importante equipamento e da sua
fiscalização, antecedido da oferta dos terrenos e do financiamento integral do
projecto de arquitectura, entre outras coisas, se seria possível que houvesse
na freguesia de Entradas um Lar a funcionar no próximo ano?
● se não
fosse a iniciativa do Município de Castro Verde e a contratualização da EDP com
o Município, acha que estaria no terreno o projeto de electrificação rural que
levará a luz eléctrica a quase todo o concelho?
Sabe senhor Vereador, para se
fazer umas coisas não se podem fazer outras, ou imagina a gestão pública como o
fez o famigerado Governo de José Sócrates?
Dizer que estamos a enganar as
pessoas é de uma arrogância e de uma má fé intoleráveis.
Estamos à frente dos destinos do
Município há muitos anos. Sofremos todo o tipo de afrontas dos governos
centrais e, em particular, dos Governos do PS, do seu actual partido, senhor
Vereador, que só no que concerne ao cumprimento da Lei das Finanças Locais, por
exemplo, nos “roubou” o equivalente a uma boa fatia do valor da derrama, para
não falar da ausência total de investimento PIDDAC neste concelho.
Ao longo destes anos, soubemos
combater e resistimos de forma paciente às campanhas demagógicas e a muitas das
acusações infundadas que constantemente recaíram sobre nós. Mas nunca, de forma
alguma, uma acusação foi tão injusta e revoltante.
Não oferecemos empregos, casas,
electrodomésticos, como outros o fazem e fizeram. Não subsidiamos associações e
actividades do movimento associativo para conquistar votos, como o sabe muito
bem o senhor Vereador (antes pelo contrário). Como tal, não aceitamos e
refutamos com veemência essa acusação.
Gerimos da forma como entendemos
ser a melhor os destinos deste concelho e, de quatro em quatro anos, somos
julgados por isso.
Como tal, não aceitamos a acusação
de que enganamos as pessoas, porque essa afirmação é fruto de quem não tem a
mínima ideia do que é a gestão e a contabilidade de uma instituição que tem
como principal função a de defender a qualidade de vida das suas populações,
mas sobre a qual recaem políticas profundamente castradoras da autonomia do
poder local, do direito ao trabalho e ao serviço público consagrados
constitucionalmente.
Senhor Vereador, voltamos a
repetir, refutamos a acusação gratuita de que enganamos as pessoas. Quando o
senhor tiver tempo de ler a legislação publicada em 2014 por este Governo (que
só existe porque é fruto da incompetência e da gestão ruinosa de José Sócrates
e do PS) e o Orçamento de Estado para 2015, e perceber as implicações que têm
no funcionamento e no método de fazer documentos previsionais, então entenderá
melhor o documento que a CDU elaborou e propôs a votação e que, afinal,
pasme-se, o PS não “chumbou”. E isto, senhor Vereador, é necessário
salientá-lo.
Os dois vereadores do PS, na oposição, que
agora vêm com acusações, atrás de acusações, sobre o que foi a nossa gestão em
2014 e sobre o documento das Opções do Plano e Orçamento para 2015,
abstiveram-se na sua votação. Não tiveram a coragem de assumir e fundamentar a
sua oposição votando contra este documento. Seria essa a atitude que lhe daria
alguma credibilidade. De outra forma, senhor Vereador, continuamos a assistir a
um PS que tem um profissional da comunicação social a tempo inteiro a fazer do
combate à CDU e ao Executivo do Município de Castro Verde, o seu único
objectivo, sem mais.
A demagogia com o intuito de
chegar ao poder a qualquer preço, está a ir longe de mais, mas não nos assusta.
Nem a nós nem aos castrenses. Ao contrário de muitos, não estamos aqui pelo
poder ou pelo prestígio pessoal, mas para defender o serviço público, o poder
local democrático e as populações de Castro Verde. Porque queremos um concelho
diferente, mais rico cultural, social e economicamente.
Essa é que é a verdade
indiscutível, senhor Vereador. Não há outra.
Castro Verde, 31 de Outubro de
2014
Os eleitos da CDU na Câmara
Municipal de Castro Verde